domingo, 30 de março de 2008

Anjos e Demônios

O cara mais underground que eu conheço é o Diabo
Que no inferno toca cover das canções celestiais
Com sua banda formada só por anjos decaídos
A platéia pega fogo quando rolam os festivais

Enquanto isso Deus brinca de gangorra no playground
Do céu com santos que já foram homens de pecado
De repente os santos falam "toca Deus um som maneiro"
E Deus fala "aguenta vou rolar um som pesado"

A banda cover do Diabo acho que já tá por fora
O mercado tá de olho é no som que Deus criou
Com trombetas distorcidas e harpas envenenadas
Mundo inteiro vai pirar com o heavy metal do Senhor

-*-

Um dia ouvi uma lenda sobre os anjos e os demônios. Um velho, que a tempos morava em uma caverna escura, no alto de uma montanha, isolado de tudo e todos, também tinha suas histórias pra contar quando encontrasse com alguem. Um pouco mais a frente de sua caverna, tinha uma capelinha e uma cruz bem na frente. O velho pediu que eu sentasse e começou a falar.

Ele me disse que de mês em mês algumas pessoas subiam aquela montanha a pé, ajoelhavam em frente a aquela cruz, rezavam durante sete ou oito minutos e depois desciam de novo. O velho, claro, disse que achava aquilo uma besteira.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o que veio depois. O senhor começou a falar sobre Deus, anjos e demônios. Segundo ele, no primórdio dos tempos, a sociedade estava totalmente desregrada. Nada nem ninguem conseguia fazer a balbúrdia parar. Daí, um tal de Moisés teve a idéia de subir em um morro e criar uma autoridade suprema. Por cima daquelas leis ninguem passaria, com pena de castigo eterno no mármore do inferno.

A partir daí as pessoas passaram a questioná-lo sobre o que era o inferno. Ele não conseguia explicar. Com a falta de explicação, as coisas não mudaram muito. Agora vem a parte que eu nunca encontrei em lugar nenhum, senão na cabeça daquele senhor. Moisés subiu de novo no morro e voltou depois de 2 dias. Curiosamente ele voltara com a definição de inferno e demônio. Disse que o inferno era um lugar ruim e o demônio era um carrasco. As pessoas que saíssem da linha em vida, sofreria um grande castigo em morte.

Isso regulou a sociedade a partir daí. Deus e o demônio passaram a exisitir apenas como reguladores sociais, e de acordo com aquele velho, infelizmente isso acontece até hoje. As pessoas evitam o verdadeiro próposito das coisas, da vida, do que vem depois dela, se apegam a Deus apenas por comodismo, como proteção contra o demônio. Todo o resto que Ele fez e faz, parece continuar sem existir. E se Deus escreve certo por linhas tortas, alguns teimam em querer ver apenas a letra maiúscula e o ponto final.

Au revoir

JBG

2 comentários:

sblogonoff café disse...

Depois de algum tempo, aprendi que é infrutífero discutir a existência ou não de Deus.
Tanto para quem acredita como para quem não acredita, é cair na cova dos leões e depois não ir para lugar nenhum. Se desgastar com a iminência de ser devorado e ficar na mesma. Prefiro discutir os efeitos que a crença ou a descrença em Deus possam causar na humanidade e acredito que tenha sido este o seu objetivo neste post.
Por acaso (ou não!) tenho aqui do meu lado o livro Deus, um delírio, do biólogo Richard Dawkins, indicado por meu amigo astrofísico e ateu.
Embora eu esteja no início, percebi que é um livro provocador e fala dos males que a crença em Deus e em divindades causou em toda a história. Das guerras e atrasos no progresso por uma busca de algo que não existe.
Antes dele, Nietzsche (o nome sblogonoff – O Retorno do Mesmo é meio nietzchiano!) já falava disso também, da capacidade do homem outorgar poderes e culpa para uma força maior e surgida do imaginário. O homem fica mais bem amparado se existe algo maior do que ele que o ampare e que transforme as leis universais se ele estiver em perigo! Então, vem com a concepção do Übermensch, ou o Super Homem, o ser que se liberta, o ser capaz e independente.
E o surgimento do Diabo, do maniqueísmo!!
Estou enveredando por um caminho que não cabe em comentário de post e está trovejando lá fora! Temo pelo modem.
Retorno e continuo...

sblogonoff café disse...

Ficou parecendo pelo que escrevi acima que o maniqueísmo vem com o super homem. Vem de antes. Antes mesmo de Moisés, que veio apenas regular e impor Lei e Ordem.
O povo antigo era muito duro e mesquinho, precisava do artifício da lei. Mas junto com Moisés, temos os códigos como os de Hamurabi e Manu, que hoje mais parecem trechos dos filmes de mutilação. Hoje temos inúmeras leis e ordenamentos, mas tudo parece tão frágil!
Mas é. O Diabo vem para controlar, para atemorizar, assim como a imagem de um deus barbudo e vingativo, que castiga e cobra. É a imposição do poder pelo medo.
Cristãos morriam por defenderem a fé, devorados por leões ou assassinados por soldados do imperador. Após, os mesmos cristãos, já no poder, mataram em fogueiras inúmeras mentes brilhantes que poderiam ter iluminado o mundo. O povo de Alá mata e morre por um Maomé que era comerciante e ganancioso. Homens compram sua canonização. Os monges tibetanos são mortos e pegam em armas em pleno o século XXI. Parece incompatível tudo isso com a imagem do bem. Porém, o Deus no qual continuo acreditando, nada tem a ver com tudo isso. Quem distorceu tudo desde o início não foi ele (com maiúscula ou minúscula).
O fanatismo corrompe e mata.
A inércia atrasa.
O comodismo suja e afasta o homem das verdades e de seu próprio potencial.
A falta de responsabilidade sobre o próprio destino deixa o mundo à deriva.
E a completa falta de crença em tudo torna os apocalipses mais próximos.
O homem que não crê em nada, não é melhor do que aquele que crê e nada faz.

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Inferno são os outros – de Sartre, o existencialista!!

Vou confessar que uma coisa pra você. Não sou devota de santo nenhum, mas hoje é feriado (religioso!) na Grande Vitória, onde moro. Eu precisava muito de um feriado! Viva Nossa Senhora da Penha!!!

Em tempo, adoro Zeca Baleiro e esta música!