Ascende-se o esqueiro e então somos concebidos.
E desde o primeiro sinal de fumaça
A única certeza que se pode ter é que aquela braza se apagará
Então nossos pais começam a tragar
E planejam nossa primeira escolinha, nossa cor favorita, nosso time
E eles tem todo um futuro para nós
E no início é simples, a vida vai queimando perfeitamente como eles planejaram.
Acaba o primeiro quarto de entorpecência
E tudo que planejaram agora é fumaça
*
Agora o vento sopra pela janela
E ninguém mais sabe pra onde vai toda essa fumaça
Começamos a nos envolver
E a cada dia que passa, mais pessoas passam a tragar
A fumaça agora incomoda alguns
E agrada excessivamente a outros
A partir de aqui passa-se a sentir o sabor do fumo
Mas isso acontece junto ao fim do segundo quarto
*
O terceiro quarto talvez seja o melhor
É nele que as sensações parecem ser mais perceptíveis
A tontura e a excitação se confundem
E no meio da confusão
A náusea se descobre presente
As vezes euforia
As vezes vômito
Um misto de sensações
Um misto de reações
Um misto, enfim, de pessoas que sentiram essa fumaça sufocar
E daquelas que não tiveram essa chance
E o fim do terceiro quarto
*
O quarto e último quarto é o mais estranho
Já se sentiu tudo o que era possível
Agora toda aquela fumaça são só lembranças
E as tragadas são cada vez mais quentes
Mais envolventes
Ascendem-se outros cigarros com a sua braza
E, ao menos que alguem o tenha jogado numa poça d'água
É aqui que o cigarro se apaga
E desde o primeiro sinal de fumaça
A única certeza que se pode ter é que aquela braza se apagará
Então nossos pais começam a tragar
E planejam nossa primeira escolinha, nossa cor favorita, nosso time
E eles tem todo um futuro para nós
E no início é simples, a vida vai queimando perfeitamente como eles planejaram.
Acaba o primeiro quarto de entorpecência
E tudo que planejaram agora é fumaça
*
Agora o vento sopra pela janela
E ninguém mais sabe pra onde vai toda essa fumaça
Começamos a nos envolver
E a cada dia que passa, mais pessoas passam a tragar
A fumaça agora incomoda alguns
E agrada excessivamente a outros
A partir de aqui passa-se a sentir o sabor do fumo
Mas isso acontece junto ao fim do segundo quarto
*
O terceiro quarto talvez seja o melhor
É nele que as sensações parecem ser mais perceptíveis
A tontura e a excitação se confundem
E no meio da confusão
A náusea se descobre presente
As vezes euforia
As vezes vômito
Um misto de sensações
Um misto de reações
Um misto, enfim, de pessoas que sentiram essa fumaça sufocar
E daquelas que não tiveram essa chance
E o fim do terceiro quarto
*
O quarto e último quarto é o mais estranho
Já se sentiu tudo o que era possível
Agora toda aquela fumaça são só lembranças
E as tragadas são cada vez mais quentes
Mais envolventes
Ascendem-se outros cigarros com a sua braza
E, ao menos que alguem o tenha jogado numa poça d'água
É aqui que o cigarro se apaga

Um comentário:
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro."
****
Isso é do poema de Fernando Pessoa, Tabacaria. Lembrei dele ao ler seu post.
Alguns de nós estão aqui na superfície, aproveitando a vida até a última ponta.
O pensamento não está entorpecido, não há sinal de câncer, nem conjecturas se toda essa fumaça são brumas feitas por nós, ou se são um plano de terceiros!
É aqui que estamos, não é?
Viver antes do quarto quarto.
Saber que antes dali, tudo o que foi antes, agora tem significado.
Você sabe como fazer diferente? Sabe como viver livre das toxinas provenientes da fumaça?
Sabe como não ser tragado?
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